23.5.12


Solidão é uma estrada longa, sem fim.
Caminhar no deserto sem sombra para descansar.
Lutar contra o mar revolto e sermos levados pela corrente,
nem conseguirmos chegar à margem.
Irmos com a brisa sem conseguir resistir.
Levados pelo vento sem forças para parar.
Aceitarmos os pontapés da vida sem vertermos uma lágrima.
É já não nos importarmos de estar sós.

22.5.12


Ser Poeta
É ver a chuva e senti-la na pele
Descobrir o Sol
Por detrás do nevoeiro
É ter o vento
A roçar-lhe a alma
E os dias serem iguais à noite
E ver o nascer igual ao pôr- do-sol
Igualmente belos.

19.5.12


Descíamos por uma rua estreita e sombria, não bastasse estarmos num cemitério e já o cenário era pesado. Dos dois lados da rua grandes blocos de cimento com pequenos espaços onde repousavam os restos mortais de uma imensidão de gente. Enquanto caminhávamos ia pensando quem seriam todas aquelas pessoas, há tanto tempo ali esquecidas, como teriam elas vivido, como teria sido a vida delas, ao mesmo tempo que acompanhava a pequena urna onde depositaram as cinzas de minha tia e sabendo que também ela em vida tinha pedido para ir para ali, para junto de seu marido, no mesmo espaço, exactamente como tinha sido em vida, partilhando tudo e sempre até que a morte os separou. Naquela rua comprida e sempre a descer, nada mais víamos que não fosse o mesmo cenário, triste cenário de despedidas.Passávamos por algumas, poucas pessoas que ali estavam a falar com os seus mortos, todas já com idade avançada, magras e de rosto triste. Nada mudava a cada esquina dobrada, sempre igual, sempre a mesma rua estreita e sombria,os mesmos rostos. Sentei-me num banco. O cansaço, a tristeza nas caras , a solidão daquelas pessoas junto aos pequenos cacifos como se o mundo tivesse terminado ali, fizeram com que me sentasse quase sem dar por isso.E nesse momento em que os outros seguiam e eu tinha ficado ali, o que aconteceu não irei esquecer jamais. Um homem idoso,91 anos, com o cabelo tão branco que se confundia com a camisa branca que vestia, fato e gravata preta, sentou-se a meu lado. Tinha um rosto sereno e um sorriso tranquilo.Na sua voz,quase apagada mas doce disse-me sem eu ter feito uma única pergunta, como se quisesse explicar o quanto importante era para ele estar ali. Disse-me que a sua companheira de 60 anos de vida, tinha partido e todos os dias, duas vezes por dia, ele fazia aquela caminhada de 45 minutos para baixo e 60 minutos para cima que as pernas já não ajudavam, para estar com ela, “ali ao fundo da rua, onde já se vê o Tejo, vê?”. Acenei com a cabeça afirmativamente e ele continuou dizendo que o mundo já não lhe interessava. E terminou dizendo “Sabe, o tempo que tenho para viver já é pouco para perdê-lo com os outros, passo-os com ela, por isso venho cá sempre duas vezes por dia, todos os dias até ao dia em que estiver junto dela ”. E foi-se embora, devagar, arrastando os pés suavemente pelo passeio. Aquele momento tão curto mas intenso de amor e dedicação deixaram-me comovida,enternecida.Lembrei-me dos meus que também já tinham partido e todo o sentimento que nos deixaram. Comecei a olhar para as pessoas que ali estavam a falar com os seus mortos de outra maneira, compreendia as suas emoções e já nem me pareciam tão tristes, só esperando a sua vez de irem ter com os seus amores.
Cheguei por fim ao local onde a minha tia iria descansar eternamente junto ao amor da sua vida,  enviei-lhes um beijo saudoso em duas rosas.

4.5.12


Porque o medo de chegar a velho é tão forte que tentamos com todas as nossas forças mantermo-nos jovens até ao dia em que nos dizem, amanhã já não vens trabalhar, já és reformado, estás velho, cansado, as tuas mãos tremem quando escreves ou pegas num objecto, o teu cabelo branco é triste, os teus olhos não sorriem, estás trôpego e cais com facilidade, a tua memória falha e as tuas palavras são ditas em surdina porque não tens força para falar, porque tens medo, e tudo isto porque sabes que a partir de hoje já não te respeitam, não te consideram uma pessoa comum és apenas um velho. Um velho que não quer ser deixado no hospital porque não o querem, que não quer que o ponham num qualquer lar e nunca mais veja os seus filhos e os seus netos, que não quer ser considerado um cidadão de segunda, que não quer ser arrumado, que não quer ser lamentado, humilhado, desconsiderado. Que não quer ser o riso dos que passam, a troça dos miúdos, o abandonado, o coitadinho, o abandonado.
Por isso quando chegar o meu tempo e porque nada mudou, quero indignar-me e juntar-me a tantos outros que como eu que não querem ser postos no lixo. Quero ir para as ruas gritar que sou um cidadão deste país e mereço, quero, o respeito a consideração e dignidade a que tenho direito.
Há dias em que a saudade é tão forte que dói o peito e um aperto na garganta quase não nos deixa falar, e então elas vêm, as memórias de outros tempos, anos de meninice, traquinices de crianças, risos, corridas e saltos, livros e bonecas, tempos de verão na praia, festas de anos ,medo da rainha má da bela adormecida que só o colo da avó serenava. Depois, anos de adolescência,anos de muitos amigos,algumas descobertas e muita insegurança.E depois tudo passa a correr,acabámos de estudar,já não somos mais crianças,crescemos por fora e por dentro.Atingimos o estatuto de adulto.E agora? Que fazemos,com quem estamos, o que queremos?São anos de grande alvoroço dentro de nós e em nosso redor e quase sem escolha temos uma vida á nossa frente que nem queríamos que fosse dessa maneira,temos medo e o colo da avó já não está ali,vamos em frente porque somos adultos(?)Enfim!
Vamos vivendo esta nossa vidinha (como diria um grande amigo meu) e quando chegarmos ao fim queremos que seja rápido e indolor.
Há dias em que a saudade é tão forte que dói o peito e um aperto na garganta quase não nos deixa falar,porque sentimos a falta de quem nos deixou,queremos o colo e o abraço apertado do Pai,saudades do sorriso doce e dos beijos tão especiais que só a Mãe sabia dar.E o abraço escangalhado do irmão.E o que mais faz confusão é não conseguir ouvir ou melhor explicar como eram as vozes,as gargalhadas e os risos escondidos.Há tristeza por detrás do Natal,as prendas já são tão poucas,as filhoses não têm nunca mais terão o mesmo sabor.
Vamos vivendo esta vidinha(como diria um grande amigo meu) e quando chegarmos ao fim queremos que seja rápido e indolor.
Há dias em que a saudade é tão forte que dói o peito e um aperto na garganta quase não nos deixa falar,e temos saudades do nosso filho em pequenino,pensávamos que o iríamos proteger para sempre de todo o sofrimento,de toda a dor,que os dias dele iriam ser só felicidade,quase como nos contos de fadas,"e iriam ser felizes para sempre...",e então vem esta vontade enorme de o ter outra vez nos braços,de lhe afagar os cabelos e cobri-lo de beijos como em criança...e sabemos que a vida não é assim,que eles fazem quase o mesmo percurso que nós e que vai doer e nós não queremos e o peito aperta-nos a garganta e dói e caiem as lágrimas porque não podemos fazer nada.
E então vamos vivendo esta vidinha (como diria um grande amigo meu) e quando chegarmos ao fim queremos que seja rápido e indolor.


A chuva amanheceu finalmente!Entre os risos das crianças e os gritos dos pais,uns por se divertirem nas pequenas poças aumentando de tamanho com o ping-ping constante os outros por não se quererem molhar. Corridas rápidas e inseguras,como os primeiros passos,para os carros,paragens e estações de tranportes.Chapéus de chuva no ar,de várias cores e tamanhos e as gabardines já com vincos de terem sido arrumadas nos armários,giram de um lado para o outro em grande frenesim até porque amanhã é sábado e há que terminar este dia. Ao contrário deste cenário,imagino que fora das cidades,rostos secos como a terra,cansados de dias duros e de torrões nas enxadas,sorriem,ainda inseguros,como nos primeiros passos,por verem a terra regada,a erva verde a querer crescer de feliz que está,os pequenos ribeiros a tornarem-se maiores e a alegria,pequenina alegria encontra-se estampada nos rostos dos homens.

Se nascer de novo fosse a salvação
Se eu pudesse viver os meus sonhos
Se se realizassem os meus desejos
Se estivessem aqui os que partiram
Se a felicidade fosse de facto encontrada
Então eu morreria alegremente para poder nascer de novo.

Estava sentado num banco do jardim do hospital. Esperava pelo momento em que poderia vê-la. Num silêncio profundo de emoções parecia estar ausente deste mundo, mas, de olhos fechados, o coração batia apressadamente enquanto recordava todos os momentos que já tinham vivido. Não tinha sido fácil a vida deles, desde o início que os problemas pareciam nascer do nada e a todo o momento, mas ele tinha a certeza que só o Amor que os unia podia combater todas as dificuldades, e já eram quarenta anos juntos, uma vida a dois que parecia ter começado ontem. Ainda sentia os joelhos tremerem quando ela aparecia ao seu encontro, o seu sorriso por vezes cansado enchia-lhe o rosto sempre que o via, e como era bom passearem de mão dada pelas ruas ignorando os olhares das pessoas que passavam. Agora sentia-se estranho, como se lhe faltasse algo do seu corpo, a alma vazia, triste. Medo. Medo era o que ele tinha, nem queria pensar que poderia ficar sozinho. Lentamente levantou-se do banco enquanto limpava os olhos de uma lágrima teimosa. Entrou no edifício frio como todos os hospitais, passou por uma porta onde dizia Capela, entrou e pela primeira vez pediu-LHE que tomasse conta dela. Saiu com a sensação de que ela estava mais protegida e subiu as escadas.
Ao fundo do corredor, imenso corredor, apareceu uma cama vinda lá de baixo, do bloco operatório. Quis ir lá mas o seu corpo não obedecia, olhou com mais atenção e vindo na sua direcção, um rosto cansado, dorido, mas com um sorriso que lhe enchia o rosto. Era ela, o coração batia de alegria que parecia romper o peito, as pernas tremiam e quase dançava de alegria. Tudo estava bem, iria estar bem.Depois de a deixar a dormir voltou lá, ELE, ali estava parecia que também se ria para ele. Agradeceu-LHE.
Quando saiu vinha a cantar uma música só deles

Era Natal e seria o tempo propício para estar feliz vivendo quase que eufórico a algazarra das compras, dos embrulhos, das risadinhas… Pois. Não lhe apetecia rir nem mesmo sorrir. Cada dia se fechava mais no seu Eu, escondia-se atrás de si mesmo procurando não ser visto no seu íntimo. No entanto mostrava sempre aquele seu ar simpático aos outros e que sabiam eles? Quantos bons dias dera sem sequer VER a quem os dava, quantas vezes falou, abraçou, beijou sem se aperceber do que fazia, do significado do que sentia. Agora…que carinho? Sozinho não queria ficar mas os outros enchiam-no de dúvidas de perguntas. A sua cabeça estala e pergunta QUEM SOU EU? O QUE QUERO?
 Sentou-se nos degraus da velha porta de sua casa, enchiam-lhe o peito as lembranças de outros Natais. As crianças corriam pelo corredor, enorme, da casa de sua Mãe. Gritos alegres de quem não teme o futuro, não sabem o que isso é, hoje só a grande Árvore de Natal tem interesse. Quando chega o Pai Natal?Com a cabeça entre as mãos pensava que afinal tudo é mais simples do que parece. Ele é mais um á procura da felicidade, essa coisa que não sabemos bem o que é. O QUE QUER? SÓ PAZ.
Mais um Natal dos muitos que já viveu, hoje com menos pessoas e mais recordações, tão boas recordações.Prometo portar-me bem! Feliz Natal!
Com os anos o medo de tudo terminar sem ter acabado o que pretendia era um enorme peso que sentia.Tinha receio de desiludir os seus familiares mas também de se desiludir a si mesmo.Sempre fizera tudo com boas intenções,claro que delas está o diabo cheio,mas de facto pensava sempre que era o melhor para todos e quase sempre,se não sempre,era ele que acarretava com as consequências e mesmo os gastos que podiam vir.Mas agora era diferente,via chegar o fim de uma etapa da sua vida e aproximava-se uma outra que por ventura seria a ultima fase,a ultima viagem que faria.E  com o aproximar dos anos chamados de terceira idade,anos de velhice deixavam-no angustiado,com saudades do tempo passado do tempo perdido.Achava que ainda lhe faltava muito por fazer,por ver,por ir.Refugiava-se nos momentos que tinha só para si e lembrava e relembrava momentos passados,gostava de escrever pequenos textos onde punha todos os seus sentimentos e sonhos e esperava um dia escrever uma história,quem sabe um livro.Um dos seus males era de facto a falta de paciência até para os que mais gostava e com isso trazia algumas vezes mal entendidos que nem tinham muita importância não fosse o cansaço que sentia  e a necessidade de sair de casa.,Andar pelas ruas,olhar as pessoas e imaginar quem elas eram e o que faziam,como viviam e onde viviam.Também era capaz de ficar a observar como as pessoas comiam e pensava na falta de sensibilidade que tinham enquanto degustavam os pratos que lhes punham á frente.Sentia tanto a falta de andar pelas ruas sem ter rumo certo,só pelo simples prazer de passear que essa necessidade  tornava-se quase que uma obsessão,a ideia de sair era constante embora depois ,no momento de o fazer se desinteressasse por não ter companhia ou um objectivo a realizar.Não compreendia.Nessas alturas em que não sabia que fazer deixava-se levar pelos infindáveis sonhos que lhe enchiam o pensamento.E era aí que vivia alguns momentos um pouco mais felizes,porque nos sonhos tudo corre bem e como queremos.


3.5.12



 
Amanhã, amanhã é o nada,
Porque o passado foi esquecido
E hoje já é o futuro.


Há dias em que procuramos dentro de nós sentimentos,e só encontramos vazio.Não entendemos porque as coisas são assim,não percebemos se aqueles que amamos estão bem,pensamos,pensamos e nada encontramos dentro do nosso coração a não ser dúvidas,perguntas e medos.Sente-se uma tristeza sem lágrimas,uma dor sem feridas.Como eu gostava de me aninhar no colo de minha mãe neste momento e ouvir aquelas palavras que tudo curam "Vai ficar tudo bem,a mãe está aqui."

Hoje tenho saudades de ti! E mesmo que não queira as lágrimas vêm porque a saudade faz-nos recordar tempos tão bons,alegres,de descobertas,de encantos e vamos procurar nas fotografias mais antigas o consolo para este momento porque só mais tarde,ao ouvir a tua voz e saber-te bem, meu coração fica tranquilo e a saudade torna-se doce.

Era o tempo das tempestades.
Chovia na rua e o vento soprava arrastando tudo com ele. As folhas das árvores secas pelo sol de verão caíam desesperadamente no chão e pouco tempo ali estavam para então entrarem numa dança frenética, em redemoinhos e lançando-se no ar como que a loucura até ali chegasse. Depois através das poças de água acumuladas nas ruas, passos apressados de gente olhando em volta como se o mundo terminasse ali nesse momento. De olhos esbugalhados e rosto comprimido pelo ar frio da manhã parecia uma marcha de robots que passavam pelas ruas.
Por entre a janela ela olhava minuciosamente o espectáculo.
A chuva caía na rua disparatadamente, os carros ao passarem levantavam ondas de água suja encharcando as pessoas nos passeios, crianças choravam molhadas pela chuva intensa e pelo medo que viam nos olhos dos pais.Passou o tempo, o céu ficou azul, amansou a chuva e o vento. As folhas das árvores cansadas da dança louca descansavam formando montes no chão. O sol mostrou-se por detrás de uma nuvem e todos olharam o céu. Aos poucos os rostos crispados dos adultos iam-se transformando em unicamente rostos cansados, as crianças não choravam, pulavam entre as poças de água e os montes das folhas. O vento, suave e frio, tornava o nariz das crianças, vermelhos, e elas riam porque agora era o tempo da calmaria, da mansidão e a vida continuava como sempre.
Ela espreitava pela janela olhando minuciosamente tudo o que via e duas, unicamente duas lágrimas corriam-lhe pelo rosto.    

Os dias continuam tristes, chuvosos, frios. Assim como eles (os dias) assim eu estou, principalmente esse frio que me percorre o corpo. Esconder-me debaixo de alguns, muitos cobertores, ficar até chegarem melhores dias, até chegar o tempo do sol, o tempo em que as nossas almas aquecem e o nosso corpo também, esse tempo em que tudo é belo, inclusive as pessoas. Até lá ficarei escondido, debaixo dos cobertores,esperando.

Depressão


Todos os dias corriam da mesma forma, sempre iguais, sempre enfadonhos e depois a chuva, há quantos dias chovia? Talvez um mês ou uma semana, não sabia mas era muito tempo. Tudo em si o aborrecia, desde o cabelo aos sapatos cansados de tantas idas e vindas quase sempre ao mesmo sítio, e depois a chuva, sempre a cair, molhava estupidamente os vidros do velho carro que quase não conseguia mantê-los visíveis. Cansado, cansado de si, da vida, das pessoas não parava. Se viesse um pouco de sol…era uma esperança que o deixava ir vivendo os dias olhando o céu, espreitando por entre as nuvens escuras, carregadas de água, uma luzinha, uma réstia de sol. E depois a chuva, nunca parava e já começava a sentir que mesmo que não chovesse, a chuva continuava na sua cabeça, no seu olhar no seu corpo, se ao menos ela parasse. Sentia-se velho e no entanto a idade não era muita mas sentia que não passava de um velho. E depois a chuva não parava nunca. Os amigos já o cansavam, sempre as mesmas perguntas e as conversas não pareciam ter mais temas do que os de sempre e nunca tinham fim, sempre o mesmo café á noite, as pessoas, os ruídos, os cheiros, como se sentia cansado, enjoado talvez fosse adequado ao que sentia, o estômago enrolava-se sempre que tudo isto acontecia, o trabalho, as pessoas, os amigos, as idas ao café, as saídas enfim a vida, e depois a chuva que não parava mesmo que houvesse sol. 

Gostava de se sentar perto da janela e sentir o vento na cara, agora já fresco deixando o rosto frio e sentindo o cabelo, outrora longo, esvoaçar, revolto como se quisesse tornar-se asas e levar consigo aquele corpo a que pertencia. Imaginava-se noutro qualquer lugar, caminhando por uma praia sem nome e bebendo o ar leve e fresco que por ali havia. Deixou-se cair sobre o peitoril da janela sentindo a dor fria do desencanto, da verdade. Estava no seu quarto, na mesma casa, na mesma rua. A noite caiu e amanhã tudo será igual, é outro dia…  


        Nas escadas sentado
        Sofrido,cansado
        Esperava por nada.
        Nos olhos um brilho
        Ornava-lhe o rosto
        Já desgastado.
        Sonhava
        Em tom mudo
        Com o passado.
        E o futuro que via
        Deixava-lhe a boca
        Amarga e sombria.